Mística e Simbologia

MÍSTICA

Uma tarde, na selva, soa o grito selvagem do tigre cruel, Xer Cane. Pai Lobo preparava-se para caçar quando a Mãe Loba (Racxa) o deteve: - Escuta! Não é boi nem cabra que ele caça, mas um homem! - A lei da Alcateia proíbe a caça ao homem porque é o mais fraco e o mais desprotegido dos animais... mas, é verdade que Xer Cane não respeita a lei da alcateia.

Ressoa novo uivo. Pai e Mãe lobos compreenderam que o tigre tinha falhado a jogada. Com efeito Xer Cane, que sonhava com um bom jantar falhou o salto e caiu no meio do fogo; queimado e envergonhado foi esconder-se enquanto os lenhadores fugiam amedrontados.

Na fuga, esqueceram o filho mais novo que, também assustado, se dirigiu sem saber para o covil dos lobos. Parou diante do Pai Lobo, olhou-o e pôs-se a rir. Com precaução (um lobo pode transportar um ovo entre os dentes sem o partir) Pai Lobo transportou a criança para o covil para o meio dos seus filhotes. A criança acomodou-se entre eles e adormeceu sob o olhar enternecido da Mãe Loba que decidiu protegê-lo e chamar-lhe Maúgli que significava rã porque o menino não tinha pêlos no corpo, tal como a rã. Xer Cane tentou várias vezes entrar no covil para se apoderar da «sua» presa. Mas Pai e Mãe Lobos queriam que Maúgli fizesse parte da sua família. Para isso era necessária a autorização da Alcateia dos Lobos de Seiôuni que se reuniam todos os meses com Áquêlá - o seu chefe - quando havia lua cheia, na Rocha do Conselho. Aqui eram apresentados os últimos lobitos que tinham nascido e relembravam as palavras de ordem da Alcateia. Os novos lobitos foram apresentados e com eles ia Maúgli.

Para que este fosse aceite era preciso que dois animais importantes que não os pais tomassem a sua defesa. Falaram a favor de Maúgli, Balú, o urso que ensina a Lei da Selva aos mais novos, e que disse que não via mal em que Maúgli ficasse entre os lobos, e Baguirá, a ágil pantera, que ofereceu um touro gordo à Alcateia para que esta autorizasse a permanência de Maúgli entre o povo livre.

Foi assim que Maúgli cresceu em companhia dos lobos e aprendeu a subir às árvores e a nadar, tão bem como a correr; aprendeu a mergulhar nos lagos sem incomodar as rãs, a tirar os espinhos das patas dos seus irmãos lobos, a conhecer as bagas e os outros frutos bons para comer.

Balú, o urso sábio, ensinou-lhe a linguagem das abelhas, das cobras assim como de outros animais. Maúgli fez amigos: «ele tem amigos em todo o lado, esta semente de homem» - dizia Cá. Os mais conhecidos eram Cá, a cobra, Tchill, o abutre, Hathi, o elefante. Mas, tinha também inimigos: Xer Cane, o tigre cobarde e cruel; Tabaqui, o chacal lisonjeador e preguiçoso; e os Banderlogues - os macacos - gente sem lei e pouco asseados.

Como Maúgli, e os seus irmãos, amigos e inimigos, vem viver na selva! Vem ajudar Maúgli na batalha contra os cães vermelhos, na luta sem fim contra Xer Cane para trazer a sua pele à Rocha do Conselho.

Com Balú, Baguirá e Cá vêm procurar Maúgli, raptado pelos Banderlogues. Aprende a fazer amigos em todo o lado tendo «um coração alegre e uma língua cortês» como Balú o ensinava.

Maúgli viveu muitos anos na Alcateia de Seiôuni onde participou na vida dos animais da selva. Mas quando homem voltou para a alcateia dos homens.

 

SIMBOLOGIA

O Grande Uivo é a saudação colectiva que os Lobitos fazem habitualmente aos seus Chefes ou a um visitante.

Faz-se da seguinte forma:

Por ordem de Aquelá, o Guia designado pelo Conselho de Guias, ou na falta deste, o Guia mais antigo (ou outro Guia) gritará com tom agudo e prolongado: «A-La-iii...»;Ao ouvir este grito, todos os Lobitos, correndo e uivando "Hiauuu" formam o Círculo de Parada em torno de Aquelá, por Bandos, ficando cada Guia à direita do seu Bando e os Bandos à esquerda uns dos outros pela seguinte ordem: branco, cinzento, preto, castanho e ruivo;Agora, todos os Lobitos se acocoram, ficando com os calcanhares unidos levantados, joelhos, pontas dos dedos em apoio no solo. Imitam assim a posição do Lobo sentado. A face deve estar erguida para o Chefe;Logo que tomam esta posição os Lobitos gritam, uníssona e pausadamente: "Aquelá! Serei melhor! melhor! melhor!";Ao gritar "melhor" pela terceira vez, todos se levantam num movimento rápido e simultâneo, ficando bem direitos, com as mãos ao lado da cabeça, em saudação dupla, imitando as orelhas de um Lobo;Então Aquelá interroga, dizendo a primeira palavra pausadamente e as sílabas seguintes rápida, mas destacadamente: "Lobitos quereis cap, cap, cap, cap (cumprir a promessa)?";Num grito prolongado, todos respondem: "Sim... (baixam o braço esquerdo) cov, cov, cov, cov (da melhor vontade)", baixando progressivamente o braço direito, por cada "cov". Com os dois braços em baixo, os Lobitos ficam em sentido, aguardando as ordens de Aquelá.

O Círculo de Conselho é formado pelos Lobitos, colocados na mesma disposição do Grande Uivo, e deve ter de cinco a sete passos de diâmetro, consoante o número de Lobitos. O local que Aquelá ocupa no centro do Círculo denomina-se Rocha do Conselho e é demarcado por um pequeno círculo de pedras ou de giz traçado no solo.

Os Lobitos formam o Círculo do Conselho para receber instruções ou ouvir histórias contadas por Aquelá.

O Guia de Bando designado orientará a formação do Círculo de Conselho, procedendo como nos pontos 1 e 2 do Grande Uivo.

À voz de "Lobitos! Formar Conselho", dada pelo Chefe de Alcateia, os Lobitos dão um a dois passos para o centro do Círculo.

O Círculo de Parada destina-se à execução do Grande Uivo, das Danças da Selva, de certos jogos e cerimónias. Forma-se como se descreve nos pontos 1 e 2 do Grande Uivo.

Na formação do Círculo de Parada os Lobitos podem dar as mãos uns aos outros e alargam-se para formarem um grande círculo.

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