Mística e Simbologia
MÍSTICA
O imaginário da Terceira Secção gira todo à volta do Pioneiro, aquele que, depois da descoberta do mundo que o rodeia, é assolado por um sentimento de insatisfação, de um ímpeto de fazer diferente, de mudar, de inovar, que o leva a soltar-se do que considera supérfluo para pôr mãos à obra na construção e concretização do seu sonho, das suas ambições. Nesta tarefa preocupa-se em conhecer o que há, em saber o que já foi feito por outros, em conhecer e melhorar as suas próprias capacidades, em adquirir as ferramentas de que precisa.
Reúne, a seguir, as vontades para o seu empreendimento. O Pioneiro prefere trabalhar em equipa, em conjunto, e o seu querer e o dos outros é capaz de, realmente, transformar, inovar, construir. O Pioneiro é o insatisfeito, o que primeiro inova e primeiro constrói a comunidade.
Reconhecemos este perfil em Pedro, o pescador de homens e construtor da Igreja nascente, reconhecemo-lo nos primeiros navegadores e nos primeiros colonos das novas terras do Novo Mundo, mas, também, nos primeiros astronautas, nos cientistas e nos investigadores da modernidade e no rosto de cada adolescente.
Em primeiro lugar, deve buscar uma atitude de desprendimento perante tudo o que é acessório, centrando-se no que é essencial e lhe permite aprofundar o conhecimento de si mesmo e do mundo. Esta atitude de desprendimento, aliás, é típica dos adolescentes desta idade, que, na busca da afirmação da sua maturidade, procuram largar as marcas da sua meninice.
Em segundo lugar, sente necessidade de procurar a razão de ser de tudo – o conhecimento do mundo que o rodeia, da experiência dos outros, dos limites do que é possível – e de se munir das ferramentas que lhe permitem adquirir autonomia.
Este conhecimento aprofunda a vontade de transformar o seu sonho em realidade. Neste processo, não está sozinho: a vontade é colectiva, na medida em que é no grupo e com o grupo que vai conseguindo concretizar as suas aspirações.
É, assim, em comunidade, no Empreendimento, que atinge o culminar do crescimento na secção: a capacidade deconstrução dos seus sonhos e a experiência adquirida ao longo de todo o processo são o legado que transportam consigo ao partir para uma nova fase.
O Pioneiro que vive sobre a máxima Saber, Querer e Agir, sendo fiel a si próprio e aos seus sonhos, facilmente se revê nos símbolos Gota de Água, a Rosa-dos-Ventos, a Machada, e o Icthus (Peixe, símbolo dos primeiros cristãos).
SIMBOLOGIA
Para alguém que sente necessidade de mudar, de construir o seu espaço e o seu mundo onde nada existe, estes símbolos apresentam-se como ferramentas de transformação:
O Icthus é símbolo da presença de Jesus Cristo, entre os homens, que estabelece para sempre a nova e eterna Aliança. O peixe simboliza Jesus Cristo – a palavra peixe, em grego, escreve-se Icthus, que foi, pelos primeiros cristãos perseguidos, adoptado como acróstico de "Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador" (Iesus Christos Theou Uios Soter), e símbolo secreto de identificação mútua. É para nós, também, o símbolo da evidência e da materialização de Deus à nossa frente, como alimento do corpo e da alma. É, também, símbolo do patrono, São Pedro, um pescador que, convertido, se tornou pescador de homens e testemunho da construção do novo reino inaugurado por Cristo. Procuramos que para o pioneiro o Icthus seja símbolo de fé, mas também de lógica e racionalidade assente na incarnação do Verbo de Deus, na «materialização» de Deus em Cristo, pois fé e razão não se contrapõem. Procuramos, com o Icthus, salientar o ACREDITAR consciente. O Icthus torna-se, portanto, um símbolo apropriado para utilizar perante as áreas de desenvolvimento Espiritual e, também, do Carácter e Intelectual.
A Gota de Água é símbolo da pureza. É para nós, também, o símbolo do próprio pioneiro, do jovem enquanto pessoa, indivíduo. Procuramos que seja transparente — consigo próprio e com os outros. Que seja alento e alimento para os que o rodeiam, Que consiga fazer parte de um grupo, juntar-se a outras gotas e tornar-se torrente. Nesta individualidade procuramos salientar o SABER. O saber-Ser, o saber-Estar, o saber-Fazer e todos os outros saberes que vêm ao cimo, resultado do combate que o pioneiro trava consigo próprio pela marca da individualidade. A Gota de Água torna-se, portanto, um símbolo apropriado para utilizar perante as áreas de desenvolvimento Intelectual, Espiritual e Afectivo.
A Rosa dos Ventos é símbolo do rumo certo, da boa escolha, da decisão ponderada. É para nós, também, o símbolo daquilo que é a vida do pioneiro, nas suas escolhas, na sua atitude, no que quer dos outros. Procuramos que tome sempre o rumo certo, que esteja preparado para optar, para escolher... que possa falhar, errar, mas em segurança, e que aprenda, que tire das experiências lições de vida. Que seja, de igual modo, portador de vontades, agregador de desejos e de disponibilidade. Procuramos, com a Rosa dos Ventos, salientar o QUERER. A importância da escolha, das suas consequências, mas, também, a importância da vontade, da disponibilidade. A Rosa dos Ventos torna-se, portanto, um símbolo apropriado para utilizar perante as áreas de desenvolvimento Social, Afectivo e Espiritual.
A Machada é símbolo da construção, da acção. É para nós, também, o símbolo daquilo que é o potencial do pioneiro, das suas capacidades, da sua energia transformadora, do resultado final da combinação do que quer com o que sabe... Procuramos que esteja apto a fazer, que domine a técnica, que consiga converter o sonhado, o desejado, em matéria, em realização e realidade. Procuramos, com a Machada, salientar o AGIR. A Machada torna-se, portanto, um símbolo apropriado para utilizar perante as áreas de desenvolvimento Físico e do Carácter e também Espiritual, pois esta dimensão está sempre presente em toda a acção, ainda que nem sempre de forma explícita.